O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) manifestou-se publicamente contra a ação de despejo que ameaça expulsar cerca de 700 famílias das comunidades de Sapucaia, no município de Vila Nova dos Martírios, e Riacho das Traíras, em São Pedro da Água Branca, no interior do Maranhão. A operação, promovida pela empresa Suzano Papel e Celulose, está prevista para o próximo dia 15 de julho e contará com o uso de quase 200 policiais militares, segundo informações repassadas pelas lideranças locais.
O parlamentar classificou a ação como “desumana” e alertou para o risco de uma tragédia, já que entre os moradores estão idosos, crianças e pessoas com deficiência. Márcio Jerry anunciou que estará presente na região a partir do dia 14, junto com outros parlamentares, lideranças religiosas e representantes de dezenas de entidades da sociedade civil, com o objetivo de tentar impedir o despejo.
“Trata-se de um absurdo completo: retirar à força famílias que vivem há cerca de 40 anos na terra, que construíram suas vidas ali. É uma afronta aos direitos humanos e à dignidade dessas comunidades”, afirmou o deputado.
As comunidades afetadas alegam que vivem há décadas nas áreas e que produzem de forma sustentável, garantindo o próprio sustento e contribuindo com a economia local. A disputa judicial, no entanto, favoreceu a Suzano, que reivindica a posse das terras e agora articula a retirada das famílias com apoio da Polícia Militar.
A ação de reintegração de posse, segundo movimentos sociais e entidades de direitos humanos, ignora princípios básicos do Estatuto da Terra, do direito à moradia e das normas internacionais sobre o tratamento de populações tradicionais e camponesas. Parlamentares e defensores públicos têm alertado que o despejo, caso não seja suspenso, pode resultar em confrontos e consequências irreversíveis.
Márcio Jerry também cobrou uma atuação mais firme do Governo do Estado para evitar que a ação ocorra da forma como está prevista.
“Não se pode colocar o aparato policial do Estado a serviço do poder econômico contra o povo. O governo precisa mediar, garantir diálogo, proteger vidas e respeitar a história dessas famílias”, destacou o deputado.
A data de 15 de julho segue como prazo crítico. As lideranças comunitárias afirmam que resistirão pacificamente, mas pedem apoio da sociedade para evitar que a força policial seja usada contra trabalhadores rurais que, há décadas, chamam aquela terra de lar.
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